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terça-feira, 5 de junho de 2012

05/06 – Produção têxtil e de vestuário pode estar retornando às Américas

Na primeira edição da Texprocess Americas, a feira de processamento de têxteis e materiais flexíveis, o grande tema de discussão foi à volta da produção de vestuário ao Ocidente, com muitos visitantes interessados em equiparem-se com novas tecnologias para fazer face ao futuro.

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Um dos temas mais quentes na mais recente edição da Texprocess Americas em Atlanta, além dos avanços tecnológicos em exibição, foi à perspectiva de pelo menos algumas das operações de confecção regressar ao hemisfério ocidental.

Muitos expositores revelaram terem tido conversas com os clientes em relação a este cenário. Muitos se mostraram também interessados em avanços na automação para retirar parte dos custos de produção da confecção.

Mesmo que parte desta produção possa voltar aos EUA, os vendedores de máquinas acreditam que a migração irá acontecer primeiramente mais para o sul. “Penso que é seguro afirmar que uma parte significativa da confecção estará de volta ao Ocidente, mas a sua primeira parada será na América Central e do Sul”, sublinha Harry Berzack, da Fox Company, uma empresa fornecedora de equipamento de corte e costura sediada em Charlotte, na Carolina do Norte.

"Não vejo nenhum sinal de regresso aos EUA de um grande volume de artigos produzidos em massa que saíram. Mas além dos custos de produção, o país perdeu a sua fonte de trabalhadores de confecção, e ainda mais importante, os supervisores de linha, mecânicos de máquinas, Gerentes e Diretores, além de Engenheiros de Produção. Ouvi em várias ocasiões que as pessoas querem trazer de volta o trabalho, mas não conseguem encontrar mão de obra – isto numa economia com um desemprego tão elevado acrescenta.

Berzack acredita que a confecção que retornará, vai estar relacionada com vestuário de elevada qualidade e de preços mais altos para grandes marcas e algumas categorias de nicho, em vez da produção de jeans ou t-shirts em massa. “O fator limitativo pode, ironicamente, ser a disponibilidade de mão de obra. Talvez por isso vejamos tanto interesse em automação e na desqualificação do processo”, acrescenta.

Frank Henderson, presidente da Henderson Sewing de Andalusia, Alabama, indica que alguns clientes tinham um sentimento generalizado de não serem capazes de controlar o seu próprio destino com a produção asiática devido aos custos do transporte, aumento dos custos de produção e atrasos nos prazos de entrega. E revela que eles estão à procura da integração vertical, desde a produção do tecido à distribuição nas lojas, com pouca ou nenhuma intervenção humana. “Vários clientes disseram-nos que estão considerando mover a produção novamente para o hemisfério ocidental”, afirma Henderson. “Muitos mais clientes estão à procura de rapidez na chegada ao mercado fast fashion, com desenvolvimentos mais freqüentes e menos desembolso monetário à frente”.

Mike Fralix, presidente da Textile/Clothing Technology Corporation, faz comentários semelhantes. “Temos ouvido todo o ano, em relação à confecção, que as empresas estão repensando a sua estratégia de sourcing mundial. Não saindo deste mercado, mas reposicionando algum percentual de volta a este hemisfério: para o México, Colômbia e América Central, e acredite-se ou não, para os EUA. Tem sido mais conversa do que outra coisa, mas conversa é um indicador que as empresas estão começando a pensar e planejar”, considera.

A Gerber Technologies, que teve um dos stands mais movimentados na Texprocess, também observou esta tendência. “Estamos percebendo sinais de algumas pequenas produções regressarem aos EUA, retornando do Extremo Oriente”, destaca Bud Staples, vice-presidente de vendas para a América do Norte da Gerber Technologies. “A nossa equipa de vendas também começou a perceber parte do trabalho de design regressando aos EUA, sobretudo com empresas na Costa Oeste, que querem criar as suas próprias coleções e gerir produções de tamanho menor. “Estas empresas querem ganhar novamente o controle dos seus padrões para poderem assegurar um ajuste adequado”, acrescenta.

Forte participação de clientes americanos

Expositores, organização e visitantes pareceram todos satisfeitos com a feira, que incorpora a antiga SPESA Expo e fez a sua estréia nos EUA. A Texprocess decorreu em paralelo com a Techtextil North America, na sua nona edição. As feiras combinadas, organizadas pela Messe Frankfurt USA, atraíram mais de 6.800 pessoas ao Georgia World Congress Center.

“Foi já a 9.ª Techtextil North America, mas não me lembro de uma feira tão movimentada desde o primeiro minuto do primeiro dia”, sublinha Michael Jaenecke, diretor da Techtextil. “O feedback foi muito positivo no que refere à qualidade e quantidade de conversações de negócio. As razões são várias, entre as quais a recuperação da economia dos EUA, a combinação com a primeira edição da Texprocess Americas e o apoio das associações, a ATMA e a SPESA”, acrescenta.

Berzack afirma que houve uma forte participação de clientes americanos, mas as visitas da América Latina foram fracas. “A qualidade dos visitantes foi elevada e com participação de pessoas de decisão das empresas”, indica Berzack. “Muitos visitantes vieram para ver o que havia de novo e para onde a tecnologia está sendo direcionada. Pareceu-me que o principal interesse estava na tecnologia de enfesto e corte e não na costura. Se estiver correto, este é um sinal encorajador, já que o que é cortado mais tarde é costurado; e historicamente o corte tem muitas vezes sido o órfão no processo de produção”, explica.

Mark Hatton, diretor de marketing e administração de vendas da especialista em linhas de costura A&E, sedIada em Mount Holly, na Carolina do Norte, presente na Texprocess, ficou eufórico com os resultados da feira. “Destacamos três novas linhas de costura para vestuário desportivo que foram muito bem recebidas. A maior parte dos clientes indicou que o negócio está aumentando e pareceram otimistas. Talvez os preços mais baixos dos combustíveis estejam trazendo mais confiança às pessoas. Da perspectiva da A&E, os consumidores estão procurando tanto inovação, como os básicos. “Ouvimos falar muito de eficiência e automação”, revela.

A Merrow Sewing Machines escolheu Atlanta para lançar um novo produto. “Para a Merrow, a feira foi fantástica”, afirma o CEO, Charlie Merrow. “Tendo em conta que lançamos um novo ponto de costura, recebemos muita atenção. Temos trabalhado no novo ponto de costura overlock plano, o programa de marca para Activeseam e amostras há mais de um ano. Tendo em conta que o lançamento do programa em Atlanta foi tardio, acabou por ser o mais correto. “Foi uma feira suficientemente pequena onde pudemos passar tempo de qualidade com muitas pessoas”, destaca.

Maquinaria pesada foi coisa escassa na Techtextil North America, que agora incorpora os resquícios da ATME-I, que já não é uma feira independente. Mas máquinas e equipamentos menores, como equipamentos de teste, estiveram muito presentes. Estes incluem produtos de empresas como a SDL Atlas, que destacou o Drying Rate Tester, que determina as taxas de secagem dos tecidos. Este aparelho suscitou um particular interesse entre os visitantes da Techtextil North America. “Mede eletronicamente o tamanho de um tecido enquanto seca”, indica John Crocker, diretor de vendas para os EUA e Canadá da SDL Atlas. As empresas de artigos desportivos e produtores de vestuário estão entre os mercados alvo deste aparelho.

Fonte: www. portugaltextil.com