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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

12/09 - Inovar: a saída para a sobrevivência

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A indústria têxtil na busca pelo aprimoramento de seus processos
para acompanhar as tendências do mercado consumidor

POR Fábio Dutra *

O tema inovação tem marcado presença na pauta de diversas empresas, instituições, entidades e governos, além de ter motivado a produção de artigos, palestras e livros. Não é por menos. O que justifica a importância dada ao tema é sua relevância para o momento em que vivemos. Desde a abertura do mercado nacional, promovida no início da década de 1990, muita coisa mudou. Na época, ainda não tínhamos estrutura de importação suficiente para que produtos importados chegassem ao nosso mercado em volumes significativos. Faltavam, dentre tantas coisas, contêineres. Hoje, o cenário é diferente. Além de ter ocorrido uma evolução (ainda insuficiente) nessa estrutura, os produtos importados também mudaram. O valor agregado a esses produtos são uma realidade, e a “simples” guerra por preços baixos já não é mais determinante para ganhar a preferência do consumidor. Além da busca por atribuir valor ao produto, a evolução dos processos deve ser perseguida pelas empresas.

A indústria brasileira – têxtil e de confecção principalmente – vive um momento em que inovar é a saída para a sobrevivência. Quem não conseguir lidar com o tema ou não der a devida importância certamente passará por sérias dificuldades. Inovar é fazer novo, diferente do que já é feito. Deve haver certo grau de ineditismo no que se propõe a realizar, seja esta inovação radical ou incremental. O importante é sabermos que a inovação nem sempre está ligada a altos investimentos e não é alcançável somente por grandes empresas.
Uma inovação é uma invenção introduzida no mercado com sucesso. E para que se alcance o sucesso é importante que a empresa consiga criar uma cultura inovadora, através da geração e seleção de ideias e da materialização destas por meio de projetos. A geração dessas ideias, invenções e inovações acontece por meio de colaboração e conexões. Ouvir colaboradores (independente do setor que atuem), clientes e fornecedores pode ser um bom ponto de partida para a geração de ideias, sejam elas voltadas à inovação de produto ou de processo.

Como exemplo de inovação de produto na área têxtil, pode-se citar alguns produtos desenvolvidos para o esporte de alto rendimento, como por exemplo, o maiôs para natação feitos pela Speedo. Os desenvolvedores se utilizaram da biomimética (capacidade de imitar a natureza) para reproduzir a pele do tubarão, reduzir a resistência na água e aumentar o desempenho dos atletas. A inovação não está somente no tecido e sim no conjunto da obra, que tem modelagem dimensionada a permitir todos os movimentos necessários para que o atleta tenha o maior rendimento possível nas piscinas. A indústria têxtil e de confecção ainda tem bastante a evoluir neste sentido, quebrando paradigmas e aprimorando seus processos para acompanhar as tendências do mercado consumidor. Cada vez mais o mercado caminha para a customização. A produção em massa, com o passar do tempo, perderá sua competitividade e talvez até sua razão de existir para a maioria dos segmentos voltados ao consumo. O consumidor quer novidade, agilidade e velocidade no giro dos produtos nas vitrines. Isso é o que o motiva a compra. Há também a inovação em marketing, alcançada com maestria por algumas empresas. Talvez um dos mais emblemáticos dos exemplos seja o caso da marca Havaianas, que reposicionou seu produto no mercado de forma esplêndida. O quarto tipo é a inovação organizacional, em que a empresa promove uma mudança na estrutura organizacional ou nas práticas de gestão e negócio, buscando aumentar seu desempenho. Há inúmeros exemplos quanto a este tipo de inovação, que vai de Google a Cirque Du Soleil.

Indústrias têxteis e centros de pesquisa espalhados pelo mundo têm gerado ideias inovadoras na área têxtil, que extrapolam as barreiras de cama, mesa, banho, vestuário e outros segmentos que estamos acostumados a associar com a produção têxtil. As áreas chave vão de saúde e bem-estar à segurança e proteção, passando por vestuário de  alta-performance, habitat e transporte. Trabalhos realizados com fibras alternativas e materiais em nano escala permitem atribuir funcionalidades aos produtos sem que se perca o conforto ou a maleabilidade da peça. São inúmeros os exemplos de inovação, dentre eles pode-se citar toalhas com condutores térmicos utilizadas em tratamentos através de termoterapia ou roupas íntimas para incontinência urinária, mantendo as mesmas características e conforto das peças comuns. Algumas inovações ainda não são acessíveis a todas as indústrias por demandarem investimentos maiores. Contudo, há fontes de fomento dispostas a financiar projetos de caráter inovador. Para que isso aconteça é importante que as empresas busquem informações e auxílio em institutos de pesquisa para desenvolvimento de projetos em conjunto. A inovação não nasce num estalar de dedos ou da noite para o dia. É um processo de busca constante por informação e de geração de conhecimento. A criatividade é um processo que envolve imaginação, conhecimento e capacidade de avaliação. Porém, é preciso começar o quanto antes!

image *Gerente Técnico do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil Vestuário e Design em Santa Catarina.
É Administrador de Empresas e Especialista em Engenharia de Produção e Gestão Estratégica Empresarial.

Fonte: http://www.usefashion.com

domingo, 4 de agosto de 2013

04/08 – Roupa “Made in America” – Parte 1

Apesar da produção de vestuário nos EUA ser mais cara do que em muitos dos destinos privilegiados para sourcing, parece que as diferenças estão sendo reduzidas, face à escalada dos preços nesses países. Mas neste processo de revitalização do “made in America”, a empresa Maker's Row pode estar tendo um papel-chave.

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Quando Roberto Torres e os seus sócios fundaram, em 2008, a empresa de vestuário Black & Denim, sediada na Flórida, estavam longe de imaginar o longo tempo necessário para transformar o “made in America” em realidade. “Passamos os primeiros três anos tentando encontrar fornecedores nos EUA”, revela Roberto Torres.

O processo da Black & Denim para encontrar a cadeia de suprimentos doméstica incluiu diversas e longas viagens.Torres passou semanas visitando fábricas na Chinatown de Nova Iorque, em Los Angeles e em El Paso no Texas, à procura de um fabricante para responder às necessidades de um designer de moda masculina de Tampa – Florida.

Depois de finalmente encontrar alguns fabricantes, Torres e os sócios terminaram o seu plano de negócios. A primeira coleção masculina da Black & Denim foi lançada no outono de 2010. Em 2012, as receitas foram de 100 mil dólares.

Para cada pequeno designer existente nos EUA, há o potencial para colocar pessoas trabalhando em muitas outras pequenas e médias empresas. A Black & Denim lida diariamente com cerca de 10 fornecedores, incluindo de denim, algodão, couro, acabamentos, bordados, confecção e expedição. “Como empresa, estamos afetando outras 10 empresas. Produzir nos EUA é, desta forma, significativo”, afirma Torres.

E manter a produção nos EUA não é apenas uma boa jogada de marketing. “Ter aqui o controle da qualidade é fundamental”, considera Torres. “Isso permite-nos reagir melhor e mais rapidamente ao mercado. Permite-nos catapultar ou iniciar tendências que outras pessoas possam seguir. Não é apenas um benefício, é a forma como fazemos o negócio”, explica.

Mesmo assim, quando a decisão foi tomada para ramificar a oferta para a moda feminina, houve a desagradável percepção de que novos fornecedores teriam que ser procurados. Então Torres encontrou a Empresa Maker's Row, um serviço de listagem de fabricantes de vestuário dos EUA. Sendo o único sócio que trabalha em tempo integral na empresa, monitora cuidadosamente “tudo que tenha a ver com moda e tecnologia”. Três meses depois de encontrar a Maker's Row, a sua procura por fornecedores foi concluída. Torres diz que a extensa lista de empresas presentes na Maker's Row não só tornou mais fácil encontrar fabricantes, como também permitiu-lhe negociar melhores contratos.

Hoje em dia, uma nova geração de empresas está ajudando os empresários americanos a capitalizar com a revolução industrial das pequenas produções. Na sede da Maker's Row, os fundadores do website, Matthew Burnett e Tanya Menendez, estão determinados em reunir os designers e os fabricantes que possam ajudá-los a transformar as suas ideias em realidades lucrativas. Em suma, querem que o “made in America” entre outra vez na moda.

Apesar do MakersRow.com ter sido lançado apenas em novembro de 2012, o website parece estar no caminho certo para se tornar no Match.com da produção americana.

A primeira parceria de Burnett com Menendez (então um empregado da Goldman Sachs trabalhando em projetos de automação) ocorreu no final de 2010 para construir a Brooklyn Bakery, uma empresa de artigos de couro de fabricação americana.

Anteriormente, Burnett tentou a sua sorte com a tentativa de fabricar no exterior, através da sua primeira experiência empresarial, uma empresa de relógios chamada SteelCake. Ele recebeu um interesse significativo por parte das lojas, e celebridades como Kanye West usavam os relógios. Mas a sua dependência em fábricas no exterior afundou o negócio, conforme vamos revela a segunda parte deste artigo que publicaremos em breve.

Fonte: Reuters

segunda-feira, 15 de julho de 2013

15/07 - Em busca do “El dorado” no sourcing – Parte 3

Representando apenas 1% do comércio internacional de vestuário, a Industria Têxtil e de Vestuário Africana tem ainda um longo caminho a percorrer para ultrapassar as debilidades infraestruturais, laborais e tecnológicas – isto se pretender conquistar uma fração maior do mercado global.

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No evento Source Africa, que decorreu na Cidade do Cabo neste ano, esteve em discussão o potencial papel que as empresas africanas poderão desempenhar no comércio internacional de têxteis e vestuário.

A África do Sul, a maior economia do continente e, tradicionalmente, um centro para o têxtil e vestuário da região, tem evidenciado a dificuldade das empresas africanas em resistir à enchente de produtos asiáticos de baixo custo, conforme salientou Liz Whitehouse, sócia-gerente da Whitehouse & Associates, com sede na África do Sul.

O indústria de vestuário da África do Sul tem estado sob enorme pressão há algum tempo, com as importações totais do setor agora avaliadas em 1,5 bilhões de dólares – um aumento de 370% ao longo da última década. O governo associou o declínio da indústria local às importações chinesas e, como resposta, impôs quotas sobre esses bens.

“Isto deixou uma lacuna no mercado, que foi preenchida por Bangladesh e o Vietnam, e a Ásia já responde por 80% das importações sul-africanas de vestuário”, revelou Whitehouse. A responsável acrescentou que a África do Sul e outros países poderiam aprender com as Ilhas Mauricio, cujos produtos estão registrando vendas consideráveis no seu país.

Como maior exportador de vestuário da África Subsariana, as Ilhas Mauricio venderam 769 milhões de dólares de produtos têxteis e vestuário internacionalmente em 2010, mais do dobro de Madagáscar, seu rival mais próximo. “As Ilhas Mauricio fornece produtos de elevada qualidade e tem utilizado a sua proximidade física com África e prazos mais curtos para construir uma boa relação com várias confecções da África do Sul. São flexíveis, cumprem os prazos de entrega, têm uma forte capacidade de design e um prazo de resposta de duas semanas”, enumerou Whitehouse.
Embora a situação na indústria têxtil e vestuário da África do Sul seja grave – pelo menos 50 mil postos de trabalho foram perdidos no setor do vestuário na última década –, podem existir razões para esperança. A indústria local tem registado um crescimento modesto desde 2010, quando as exportações aumentaram dos 166 milhões de dólares no ano anterior para os 174 milhões de dólares.

O diretor-geral do Departamento de Comércio e Indústria da África do Sul, Lionel October, afirmou que o programa de competitividade para os têxteis e vestuário (CTCP), criado para apoiar a indústria, ajudou a mudar a situação. “Os Confeccionistas locais estão aumentando as compras dos fabricantes locais e a confiança começa a aparecer através de novos investimentos no setor”, disse ele. “O CTCP parou o declínio do desemprego nesses setores e foram criados mais de 12 mil novos empregos permanentes”, resumiu October, que acrescentou ainda que mais de 400 empresas foram ajudadas pelo CTCP, com 165,5 milhões de dólares aprovados.

Ao nível regional, o setor privado também está reagindo, tendo formado em 2005 a African Cotton and Textile Industries Federation (ACTIF). O diretor executivo desta federação, Rajeev Arora, apontou que “o foco principal da organização é desenvolver as cadeias de valor e garantir o investimento direto estrangeiro, para que possamos desenvolver a capacidade dos produtores.Trabalhamos ao nível consultivo com a maioria dos governos e estamos discutindo como os acordos como o AGOA devem ser implementados após 2015, quando está prevista a sua conclusão. Existem muitos desafios, mas estamos trabalhando para lidar com eles”, concluiu Arora.

Fonte: just-style.com

quarta-feira, 5 de junho de 2013

05/06 - RFID: diferencial competitivo pelas ondas de rádio

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Em breve as empresas do setor têxtil e de confecção brasileiras devem adotar uma nova tecnologia já aplicada em outros países e que permite a rápida identificação de produtos sem a necessidade da leitura direta do usual chip. Também será possível passar as compras no caixa de uma só vez, sem precisar registrar uma a uma. Com ela, também existirá a possibilidade de ser mais competitivo, uma vez que a novidade poderá trazer redução de custos, aumento da produção, um ágil controle do estoque e de reposição de produtos. Pode até parecer coisa do futuro, mas tudo isso e muito mais já é possível graças à tecnologia RFID (identificação por radiofrequência ou do inglês "Radio Frequency IDentification).

A aplicação prática da nova tecnologia é simples: o segredo está na etiqueta ou tag RFID, um pequeno objeto (transponder) que pode ser colocado em uma pessoa, animal, equipamento, embalagem ou produto, dentre outros. Ela contém chips de silício e antenas que lhe permite responder aos sinais de ondas de rádio enviados por uma base transmissora. Pode ser usada como alternativa aos códigos de barras, permitindo a identificação do produto a alguma distância do scanner. A tecnologia viabiliza, assim, a comunicação de dados através de transponders que transmitem a informação a partir da passagem por um campo de indução, como o que é usado em pedágio "sem parar", por exemplo.

O Japão e os Estados Unidos são os países que mais usam a tecnologia RFID no segmento de vestuário no mundo, ambos com 23%. Na sequência, vem Alemanha (14%), Itália (7%), China (6%), França (5%), Reino Unido (4%), Espanha, Holanda e Suécia (2%). Os dados são de 2011 e apurados pela empresa ID TechEx. Agora, a identificação por radiofrequência começa a dar tímidos sinais no Brasil. Alguns hospitais, casas noturnas, shopping centers e empresas do setor têxtil e de confecção já adotaram o sistema com o intuito de automatizar e virtualizar suas vendas.

No Brasil, a Vip-Systems Informática e Consultoria é pioneira no desenvolvimento de projetos para o varejo têxtil com a tecnologia e criou a primeira loja inteligente da América Latina. Regiane Romano, CIO da Vip-Systems, é especialista em transmissão por radio frequência e fez parceria com a Billabong (rede de franquias de moda surf), em 2011. A loja modelo da marca, localizada na Grande São Paulo, conta com 15 dos 18 itens tecnológicos oferecidos para melhorar a gestão do negócio. A Billabong etiqueta as peças de roupas na própria loja e oferece experiências de interatividade ao consumidor final, como um espelho que permite experimentar peças virtualmente.

A Memove, marca do Grupo Valdac, também implantou a tecnologia em sua logística. A empresa distribui as etiquetas RFID aos seus fornecedores que as aplicam nas roupas. Assim, a marca pode fazer controle de estoque, como tamanho e cores das peças, por meio das informações das tags, além de ter facilidade na distribuição e reposição.

“Poucas confecções brasileiras usam a rádio frequência, mas esse é um hábito que deve mudar nos próximos anos”, declara Romano, que também é doutora no assunto e acaba de lançar o livro sobre o assunto. “À medida que os empresários tomam conhecimento dos benefícios do RFID, eles se interessam em saber mais a respeito da implementação da tecnologia”, acrescenta. Segundo Regiane Romano, o custo médio de uma tag RFID é de R$ 0,40 e o kit básico de implantação, que inclui um leitor e quatro antenas, gira em torno de US$ 5 mil. Os valores também podem  variar de acordo com o porte e as necessidades de cada empresa. “Temos informação de que grandes empresas de varejo já estudam a tecnologia”,

De acordo com Flávia Ponte Bandeira S. Costa, Marketing e Relações Institucionais da GS1- Associação Brasileira de Automação, o uso do RFID é uma tendência mundial, que aumenta o valor agregado dos produtos. “Temos o exemplo da rede americana Macy’s  que implantou a tecnologia desde seus processos de logística até a experiência para o público final”, cita. “Para a indústria de confecção a tecnologia é importante na reposição de estoque, na logística de expedição de produtos e no inventário, que pode ser feito online. Além disso, a adoção do sistema reduz o custo da operação, pois diminui em 20% o trabalho da equipe de estoque”, destaca. Recentemente a GS1 participou de um workshop sobre a tecnologia RFID, na sede da Abit, em São Paulo.

O grupo Aion Jeans, de Campo Mourão (PR), produz 200 mil peças por mês, sendo que todas já contam com as etiquetas RFID. A empresa adotou a tecnologia há pouco mais de um ano. De lá pra cá ganhou agilidade nos processos de expedição e está mais competitiva. “Nossa produção aumentou, pois com os portais de RFID passamos lotes de até 80 peças de uma vez pelo equipamento para dar entrada ou acusar a saída da mercadoria. Isso faz com que possamos aceitar mais pedido, pois estamos mais ágeis”, comenta Josimar Loch, responsável pela área de estrutura e tecnologia do grupo Aion Jeans. Ele acrescenta que se o lojista também tiver a tecnologia RFID em seu comércio, pode utilizar a mesma etiqueta implantada na fábrica da Aion para fazer seu próprio controle de estoques.

Entre outras vantagens, Loch também ressalta a segurança que a nova tecnologia proporciona. Cada peça com a tag RFID possui um código único no mundo, o que evita transtornos no caso de uma possível troca, por exemplo. “Se um cliente quiser trocar a calça jeans que tiver RFID e  entregar outra peça, podemos identificar que a peça que o consumidor levou para a troca não é a mesma que comprou anteriormente”, enfatiza.

O RFID Research Center, na Universidade de Arkansas (EUA), é referência mundial de tecnologia RFID.

Fonte: www.abit.org.br

sábado, 11 de maio de 2013

11/05–Em busca do “El dorado” no sourcing–Parte 2

A indústria têxtil e vestuário africana poderá beneficiar-se de uma eventual desaceleração nas exportações chinesas, mas apenas se for implementada no país uma vasta gama de reformas. Salários mais baixos e matérias-primas mais baratas são alguns dos trunfos em mão.

África no mapa do sourcing – Parte 1

Os oradores presentes no Source Africa no início de Abril acreditam que, se as dificuldades sentidas atualmente pela indústria têxtil e vestuário no continente africano forem superadas, então as empresas poderão prosperar.

Roy Ashurst, um comprador senior para a norte-americana PVH Corporation, revelou aos delegados que o valor anual das exportações chinesas de têxteis e vestuário deverá cair dos 250 para os 200 bilhões de dólares nos próximos anos. “Esta é uma oportunidade de 50 bilhões de dólares que as empresas africanas poderão aproveitar. Os salários em África são agora mais baixos e as matérias-primas mais baratas do que em qualquer outro lugar do mundo, por isso acho que chegamos a um ponto que poderá levar a uma revitalização da indústria no continente”, explicou Ashurst.

Thomas Farole, especialista senior em comércio no Banco Mundial, concordou, salientando o aumento dos custos chineses. “O salário mínimo na China duplicou nos últimos cinco anos, de modo que neste ponto a África tem uma grande vantagem em relação ao maior produtor de têxteis e vestuário do mundo. À medida que os salários chineses aumentam, o país irá cortar 85 milhões de postos de trabalho (em todos os setores)”, justificou Farole. O responsável acrescentou que a relativa proximidade da África em relação à Europa e aos EUA também poderá ajudar. “Existe também uma mudança nas empresas no sentido do regresso às redes regionais para aquisição de suas necessidades. Os compradores nos EUA e na UE não querem esperar quatro semanas para obter estoques e os produtores chineses têm dificuldade em responder rapidamente às encomendas”, acrescentou Farole.

Mas a África ainda terá de competir com países exportadores asiáticos, como: Indonésia, Vietnam e Bangladesh. Mesmo com acordos preferenciais de comércio, como o AGOA (African Growth & Opportunity Act), as empresas africanas têm lutado para competir ao nível local, regional e internacional.

Samuel Gayi, da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), explicou que a indústria têxtil e vestuário de África continua a ser demasiado pulverizada para a economia global, prejudicando a competitividade. Atualmente as empresas de têxteis e vestuário trabalham em pequenas zonas economicas, com frágeis infra-estruturas de transporte e mercados laborais ineficientes. Além disso, as empresas têm de lidar com as elevadas taxas de inflação, a ameaça de instabilidade política e instituições frágeis. “A infraestrutura é a chave para aumentar o comércio em geral. As estradas pan-africanas poderão custar 32 bilhões de dólares, mas podem gerar 250 bilhões de dólares de comércio adicional ao longo de 15 anos. Existem planos para desenvolver estes corredores de transporte, mas necessitam ser implementados”, comentou Gayi.

Este investimento irá fomentar as exportações para fora do continente, mas também o comércio inter-África, que é ainda mais dificultado pelas inadequadas políticas nacionais de transportes, ambientes de negócios difíceis e fronteiras e procedimentos aduaneiros ineficientes.

As estatísticas do Banco Mundial mostram que nos últimos 20 anos a África Subsariana assegurou apenas 1% do comércio mundial de vestuário, com a China a recebendo uma participação de 41%.

Os dados da International Textile Manufacturers Federation (ITMF) confirmam: em 2011, a China permaneceu como o maior exportador de têxteis e vestuário do mundo e nenhum país africano apareceu nos 20 primeiros lugares. O melhor desempenho foi o do Egito, um produtor de algodão histórico, que exportou 3,5 bilhões de dólares. Como evidência adicional da estagnação da indústria na maior parte da região, a ITMF indicou que o investimento em tecnologia e competências, necessário para desenvolver a indústria de vestuário em África foi extremamente baixo ao longo dos últimos 10 anos.

Mas além das dificuldades existentes, ao nível tecnológico e infraestrutural, as empresas africanas de têxteis e vestuário têm ainda de enfrentar o fluxo de importações provenientes da Ásia.

Fonte: just-style.com

Tradução livre: Sandro F. Voltolini – Autor do Blog Textime

sábado, 27 de abril de 2013

27/04–Em busca do “El dorado” no sourcing

As mudanças nas condições socioeconómicas na China estão levando varias empresas a procurar alternativas de sourcing e, embora o Império do Meio continue no mapa, opções como a Europa ou a América do Sul estão sendo equacionadas para fazer face ao aumento de custos.
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Parece claro entre executivos da indústria que as muitas vantagens da China significam que o país vai continuar a ser fundamental para as estratégias de sourcing – apesar do aumento dos preços, questões laborais e política governamental que é cada vez menos “amiga” das indústrias de baixo valor. Mas a procura de alternativas continua.
Uma combinação do envelhecimento da população na China, rápida inflação de salários e benefícios e valorização da moeda significa que os concorrentes de preços mais baixos estão ganhando negócio, explica Ben Simpfendorfer, diretor-geral da consultora Silk Road Associates. Mas embora países como o Camboja e o Vietnam possam estar ultrapassando a China no que diz respeito a crescimento do volume de exportação, continuam a ser players de nicho.
“As maiores províncias de produção para exportação da China são ainda maiores do que os concorrentes low cost (custo baixo) do sudeste asiático”, destaca Simpfendorfer. “Isso permite-lhes criar economias de escala que não são facilmente replicáveis. A China tem 37% da quota de mercado mundial, por isso é um caso de para onde se pode ir? Há questões de capacidade em outros locais – e deslocalizar partes significativas de capacidade para outras economias irá levar a aumentos de preços semelhantes”, acrescenta.
“Perseguir trabalho mais barato já não é eficiente”, concorda Stephen Forte, diretor-geral de vendas mundiais na produtora de linhas Coats, que sublinha que embora o salário mínimo na China tenha aumentado entre 8% e 14% este ano, os aumentos estão igualmente sendo registrados em países produtores de vestuário em todo o mundo.
“A próxima China não é um local, é um “como”; a próxima China será determinada pela forma como trabalhamos de forma mais inteligente enquanto indústria”, explica Mark Green, diretor da cadeia de aprovisionamento no PVH, citando o diretor de cadeia de aprovisionamento da empresa Bill McRaith.
Mudanças na produção
”O que vemos é o desenvolvimento de capacidades nos países de produção”, considera Peter Kaminsky, diretor-geral de sourcing mundial da Carter´s, empresa americana de vestuário de criança. O resultado é clusters no Camboja e Vietnam, Bangladesh, Myanmar e Índia, e no sul da Ásia, centrado na Indonésia ou Singapura.
Green sublinha, contudo, que a forte base de fiações na China dá-lhe vantagem em relação a países no Sul e no Norte da Ásia – mas vê mudanças significativas no comércio mundial se for acordada a Parceria Trans-Pacífico (TPP na sigla em inglês). “Se for conseguida a TPP nos próximos anos acredito que um número significativo de fiações chinesas vão estabelecer-se no Vietnam e assim que a verticalidade entrar em jogo com rapidez, eficiência e eficácia, as confecções irão mover-se muito rápido”, acrescenta.
De uma perspectiva do calçado, Colin Browne, vice-presidente de sourcing de calçado na VF Asia, concorda. “O custo laboral está tornando-se uma parte muito menor do custo geral. As oportunidades estão mais ligadas aos impostos e fornecimento desse mercado local. Estamos investindo tempo, olhando para a América do Sul, Europa, países onde há claramente oportunidades em termos de impostos e eficiências. Enquanto maior consumidor de calçado em todo o mundo – compra 2,7 mil milhões de pares de calçado por ano, à frente dos EUA com 2,4 mil milhões de pares – a China vai ainda ser uma parte importante da nossa estratégia. Mas claramente vai haver crescimento em outras regiões também”.
Fonte: just-style.com
Tradução livre: Sandro F. Voltolini - Autor do Blog Textime

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

14/01–Problemas na cadeia de suprimentos das lojas, fazem ações da Hering despencar

Julio Bittencourt/Valor / Julio Bittencourt/Valor
Fábio Hering, presidente da Hering, subestimou a recuperação do consumo no quarto trimestre: "Não conseguimos atender a demanda de algumas lojas a tempo"
As ações da Hering tiveram em 10/01/13, seu pior pregão desde junho de 2009, após a decepção do mercado com os números estimados pela companhia para o quarto trimestre. Os papéis da companhia caíram 11,9%, para R$ 38,35, na pior performance do Ibovespa. Com o tombo, o valor de mercado da varejista têxtil retomou os patamares de julho do ano passado, em R$ 6,12 bilhões.
Na noite de quarta-feira a Hering informou que no quarto trimestre teve queda de 0,2% nas vendas das lojas abertas há mais de um ano, muito abaixo do consenso de mercado, que apontava para um crescimento entre 4% e 5%.
Segundo o presidente Fábio Hering, houve problemas na cadeia interna e externa de suprimentos e havia demanda por parte do consumidor. Na prática, ocorreu "desestocagem" na rede.
A venda da matriz para as lojas dos franqueados ocorreu num ritmo menor do que as vendas das lojas para o consumidor, reflexo do fato de a Hering ter subestimado a recuperação do consumo. "Não conseguimos atender a demanda de algumas lojas a tempo", disse o empresário.
Os esforços de última hora da companhia para não perder vendas resultaram em aumento dos gastos com frete e horas extras, o que deve ter impacto nas margens do quarto trimestre, disse Frederico Oldani, diretor financeiro da Hering.
Não foi a primeira vez que problemas operacionais prejudicaram o resultado da Hering. Em 2012, a empresa teve resultados fracos acompanhados de justificativas como desacerto na coleção e obstáculos logísticos, com a transferência para um novo centro de distribuição.
O Credit Suisse classificou 2012 como um "ano perdido" para a Hering. Segundo analistas do banco, há quatro trimestres a Hering mostra um desempenho bem mais fraco que suas concorrentes Marisa e Lojas Renner, cujas vendas "mesmas lojas" devem ter registrado crescimento de dois dígitos no fim do ano, segundo indicações da diretoria.
Goldman Sachs e Deutsche Bank classificaram a queda nas vendas mesmas lojas da Hering como "desapontadoras". O desempenho fraco levou o Goldman a reduzir em 2%, na média, sua estimativa de ganho por ação da companhia entre 2012 e 2014. A nova previsão incorpora os números da prévia operacional divulgada ontem, o plano de abertura de lojas e novo cenário macroeconômico. A Selic mais baixa se traduz em menores ganhos nas linhas financeiras da empresa, disseram os analistas do banco em relatório.
As vendas brutas totais cresceram 10,7%, também abaixo das expectativas do mercado. O indicador, no entanto, apresentou melhora em relação ao terceiro trimestre, quando a alta foi de apenas 1%, sinalizando que a estratégia de abrir novas lojas tem garantido o faturamento da companhia, apontou o Itaú BBA.
Para o banco, a abertura de novas unidades deve sustentar o crescimento da Hering no médio prazo. Um novo estudo de potencial de abertura de lojas, divulgado pela companhia, identificou espaço para 796 unidades, contra as 604 previstas anteriormente. Em 2013, a companhia pretende abrir 77 lojas, alcançando 592 unidades.
"O estudo do potencial de novas lojas reforça a nossa convicção de que o ciclo dos formatos baseados em franquias é duradouro e que as melhoras serão observadas de maneira lenta ao longo do ano", disse o Itaú BBA.
Fonte: www.valor.com.br/empresas/2966032/hering-fica-sem-estoque-na...