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segunda-feira, 15 de julho de 2013

15/07 - Em busca do “El dorado” no sourcing – Parte 3

Representando apenas 1% do comércio internacional de vestuário, a Industria Têxtil e de Vestuário Africana tem ainda um longo caminho a percorrer para ultrapassar as debilidades infraestruturais, laborais e tecnológicas – isto se pretender conquistar uma fração maior do mercado global.

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No evento Source Africa, que decorreu na Cidade do Cabo neste ano, esteve em discussão o potencial papel que as empresas africanas poderão desempenhar no comércio internacional de têxteis e vestuário.

A África do Sul, a maior economia do continente e, tradicionalmente, um centro para o têxtil e vestuário da região, tem evidenciado a dificuldade das empresas africanas em resistir à enchente de produtos asiáticos de baixo custo, conforme salientou Liz Whitehouse, sócia-gerente da Whitehouse & Associates, com sede na África do Sul.

O indústria de vestuário da África do Sul tem estado sob enorme pressão há algum tempo, com as importações totais do setor agora avaliadas em 1,5 bilhões de dólares – um aumento de 370% ao longo da última década. O governo associou o declínio da indústria local às importações chinesas e, como resposta, impôs quotas sobre esses bens.

“Isto deixou uma lacuna no mercado, que foi preenchida por Bangladesh e o Vietnam, e a Ásia já responde por 80% das importações sul-africanas de vestuário”, revelou Whitehouse. A responsável acrescentou que a África do Sul e outros países poderiam aprender com as Ilhas Mauricio, cujos produtos estão registrando vendas consideráveis no seu país.

Como maior exportador de vestuário da África Subsariana, as Ilhas Mauricio venderam 769 milhões de dólares de produtos têxteis e vestuário internacionalmente em 2010, mais do dobro de Madagáscar, seu rival mais próximo. “As Ilhas Mauricio fornece produtos de elevada qualidade e tem utilizado a sua proximidade física com África e prazos mais curtos para construir uma boa relação com várias confecções da África do Sul. São flexíveis, cumprem os prazos de entrega, têm uma forte capacidade de design e um prazo de resposta de duas semanas”, enumerou Whitehouse.
Embora a situação na indústria têxtil e vestuário da África do Sul seja grave – pelo menos 50 mil postos de trabalho foram perdidos no setor do vestuário na última década –, podem existir razões para esperança. A indústria local tem registado um crescimento modesto desde 2010, quando as exportações aumentaram dos 166 milhões de dólares no ano anterior para os 174 milhões de dólares.

O diretor-geral do Departamento de Comércio e Indústria da África do Sul, Lionel October, afirmou que o programa de competitividade para os têxteis e vestuário (CTCP), criado para apoiar a indústria, ajudou a mudar a situação. “Os Confeccionistas locais estão aumentando as compras dos fabricantes locais e a confiança começa a aparecer através de novos investimentos no setor”, disse ele. “O CTCP parou o declínio do desemprego nesses setores e foram criados mais de 12 mil novos empregos permanentes”, resumiu October, que acrescentou ainda que mais de 400 empresas foram ajudadas pelo CTCP, com 165,5 milhões de dólares aprovados.

Ao nível regional, o setor privado também está reagindo, tendo formado em 2005 a African Cotton and Textile Industries Federation (ACTIF). O diretor executivo desta federação, Rajeev Arora, apontou que “o foco principal da organização é desenvolver as cadeias de valor e garantir o investimento direto estrangeiro, para que possamos desenvolver a capacidade dos produtores.Trabalhamos ao nível consultivo com a maioria dos governos e estamos discutindo como os acordos como o AGOA devem ser implementados após 2015, quando está prevista a sua conclusão. Existem muitos desafios, mas estamos trabalhando para lidar com eles”, concluiu Arora.

Fonte: just-style.com