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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

12/09 - Inovar: a saída para a sobrevivência

Inovacao D

A indústria têxtil na busca pelo aprimoramento de seus processos
para acompanhar as tendências do mercado consumidor

POR Fábio Dutra *

O tema inovação tem marcado presença na pauta de diversas empresas, instituições, entidades e governos, além de ter motivado a produção de artigos, palestras e livros. Não é por menos. O que justifica a importância dada ao tema é sua relevância para o momento em que vivemos. Desde a abertura do mercado nacional, promovida no início da década de 1990, muita coisa mudou. Na época, ainda não tínhamos estrutura de importação suficiente para que produtos importados chegassem ao nosso mercado em volumes significativos. Faltavam, dentre tantas coisas, contêineres. Hoje, o cenário é diferente. Além de ter ocorrido uma evolução (ainda insuficiente) nessa estrutura, os produtos importados também mudaram. O valor agregado a esses produtos são uma realidade, e a “simples” guerra por preços baixos já não é mais determinante para ganhar a preferência do consumidor. Além da busca por atribuir valor ao produto, a evolução dos processos deve ser perseguida pelas empresas.

A indústria brasileira – têxtil e de confecção principalmente – vive um momento em que inovar é a saída para a sobrevivência. Quem não conseguir lidar com o tema ou não der a devida importância certamente passará por sérias dificuldades. Inovar é fazer novo, diferente do que já é feito. Deve haver certo grau de ineditismo no que se propõe a realizar, seja esta inovação radical ou incremental. O importante é sabermos que a inovação nem sempre está ligada a altos investimentos e não é alcançável somente por grandes empresas.
Uma inovação é uma invenção introduzida no mercado com sucesso. E para que se alcance o sucesso é importante que a empresa consiga criar uma cultura inovadora, através da geração e seleção de ideias e da materialização destas por meio de projetos. A geração dessas ideias, invenções e inovações acontece por meio de colaboração e conexões. Ouvir colaboradores (independente do setor que atuem), clientes e fornecedores pode ser um bom ponto de partida para a geração de ideias, sejam elas voltadas à inovação de produto ou de processo.

Como exemplo de inovação de produto na área têxtil, pode-se citar alguns produtos desenvolvidos para o esporte de alto rendimento, como por exemplo, o maiôs para natação feitos pela Speedo. Os desenvolvedores se utilizaram da biomimética (capacidade de imitar a natureza) para reproduzir a pele do tubarão, reduzir a resistência na água e aumentar o desempenho dos atletas. A inovação não está somente no tecido e sim no conjunto da obra, que tem modelagem dimensionada a permitir todos os movimentos necessários para que o atleta tenha o maior rendimento possível nas piscinas. A indústria têxtil e de confecção ainda tem bastante a evoluir neste sentido, quebrando paradigmas e aprimorando seus processos para acompanhar as tendências do mercado consumidor. Cada vez mais o mercado caminha para a customização. A produção em massa, com o passar do tempo, perderá sua competitividade e talvez até sua razão de existir para a maioria dos segmentos voltados ao consumo. O consumidor quer novidade, agilidade e velocidade no giro dos produtos nas vitrines. Isso é o que o motiva a compra. Há também a inovação em marketing, alcançada com maestria por algumas empresas. Talvez um dos mais emblemáticos dos exemplos seja o caso da marca Havaianas, que reposicionou seu produto no mercado de forma esplêndida. O quarto tipo é a inovação organizacional, em que a empresa promove uma mudança na estrutura organizacional ou nas práticas de gestão e negócio, buscando aumentar seu desempenho. Há inúmeros exemplos quanto a este tipo de inovação, que vai de Google a Cirque Du Soleil.

Indústrias têxteis e centros de pesquisa espalhados pelo mundo têm gerado ideias inovadoras na área têxtil, que extrapolam as barreiras de cama, mesa, banho, vestuário e outros segmentos que estamos acostumados a associar com a produção têxtil. As áreas chave vão de saúde e bem-estar à segurança e proteção, passando por vestuário de  alta-performance, habitat e transporte. Trabalhos realizados com fibras alternativas e materiais em nano escala permitem atribuir funcionalidades aos produtos sem que se perca o conforto ou a maleabilidade da peça. São inúmeros os exemplos de inovação, dentre eles pode-se citar toalhas com condutores térmicos utilizadas em tratamentos através de termoterapia ou roupas íntimas para incontinência urinária, mantendo as mesmas características e conforto das peças comuns. Algumas inovações ainda não são acessíveis a todas as indústrias por demandarem investimentos maiores. Contudo, há fontes de fomento dispostas a financiar projetos de caráter inovador. Para que isso aconteça é importante que as empresas busquem informações e auxílio em institutos de pesquisa para desenvolvimento de projetos em conjunto. A inovação não nasce num estalar de dedos ou da noite para o dia. É um processo de busca constante por informação e de geração de conhecimento. A criatividade é um processo que envolve imaginação, conhecimento e capacidade de avaliação. Porém, é preciso começar o quanto antes!

image *Gerente Técnico do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil Vestuário e Design em Santa Catarina.
É Administrador de Empresas e Especialista em Engenharia de Produção e Gestão Estratégica Empresarial.

Fonte: http://www.usefashion.com